Neurociência das pausas: o que acontece no cérebro em cinco minutos

Fazer uma pausa durante o trabalho pode parecer algo simples, até trivial. No entanto, para o cérebro, essas pequenas interrupções representam momentos de reorganização neural e emocional que têm um impacto direto sobre foco, criatividade e bem-estar. A neurociência tem mostrado que poucos minutos de descanso consciente são suficientes para restaurar circuitos mentais e melhorar significativamente o desempenho cognitivo.

Um dos conceitos que ajudam a explicar esse fenômeno é o de modo padrão de funcionamento do cérebro, conhecido como default mode network (DMN). Essa rede neural é ativada quando o cérebro “descansa”, ou seja, quando não está envolvido em uma tarefa específica. Segundo pesquisa publicada na Proceedings of the National Academy of Sciences (2019), durante esses períodos de pausa, o cérebro consolida memórias, integra informações recentes e processa emoções que estavam em segundo plano. Em outras palavras, ele trabalha de forma silenciosa para organizar o que foi aprendido e preparar novas conexões.

Quando permanecemos em estado contínuo de atenção e esforço, há um aumento de substâncias como o cortisol e a noradrenalina. Em níveis altos e sustentados, essas substâncias reduzem a clareza mental e prejudicam o raciocínio. Ao fazer uma pausa breve, mesmo de apenas cinco minutos, o sistema nervoso parassimpático entra em ação, promovendo relaxamento e reequilíbrio fisiológico. A frequência cardíaca desacelera, a respiração se torna mais profunda e a atividade da amígdala cerebral, (região associada à resposta ao estresse) diminui.

Estudos conduzidos pela University of Illinois (2020) mostraram que pausas curtas e frequentes aumentam a produtividade em até 30%. Isso ocorre porque o cérebro humano não foi projetado para manter atenção contínua por longos períodos. A alternância entre foco e descanso melhora o controle executivo e reduz a chamada “fadiga atencional”. É o mesmo princípio aplicado na meditação: ao aprender a pausar e retornar, fortalecemos o músculo da atenção e ampliamos a capacidade de presença.

Mais do que um gesto de autocuidado, a pausa é uma estratégia de inteligência cognitiva. Ela cria espaço para que novas ideias surjam e decisões sejam tomadas com mais discernimento. A ciência tem demonstrado que momentos de quietude aumentam a atividade nas áreas cerebrais ligadas à criatividade e à empatia, o que se traduz em ambientes de trabalho mais equilibrados e colaborativos.

Na MINDSELF, utilizamos essa compreensão científica das pausas para construir programas de mindfulness corporativo que integram o bem-estar à performance. Cinco minutos de atenção plena são o suficiente para realinhar corpo e mente. E, ao longo do tempo, transformar a forma como pensamos, sentimos e nos relacionamos no trabalho.

A neurociência mostra que o cérebro se beneficia mais do que imaginamos quando aprendemos a parar. É nos intervalos que o aprendizado se consolida, as emoções se estabilizam e as melhores ideias costumam aparecer.

Fontes:

  • Proceedings of the National Academy of Sciences (2019). Functional connectivity of the human default mode network.

  • University of Illinois at Urbana-Champaign (2020). Brief diversions vastly improve focus, researchers find.

  • Frontiers in Human Neuroscience (2022). Neural correlates of mindfulness and attentional control in workplace performance.

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lgpd
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